Na natureza não sobrevive necessariamente o mais forte. Citando a teoria da evolução de Darwin, sobrevive o que melhor se adapta às condições do ambiente em que vive. Posto isto, em Portugal o(a) autor(a) de design sobrevive, adapta-se, procura responder às suas necessidades criativas e subsequentemente económicas. Isto tem levado muitos designers, por exemplo, a criar uma marca.
Portugal possui condições únicas para a manufatura ou fabricação de bens transacionáveis, tanto em pequenas, como em grandes quantidades. Temos no nosso território empresas com excelente conhecimento na produção de produtos em argila, cortiça, madeira, metal, pedra, polímeros, tecido, vidro, entre outros. Isto proporciona uma oportunidade ímpar, sustentável e diversificada no design de produtos.
Apesar da diversidade de empresas presentes no nosso território, hoje mais que nunca, após a conclusão dos estudos no 1º ciclo do ensino superior, o(a) designer de produto depara-se com enorme dificuldade em encontrar no mercado de trabalho um gabinete de design de produto, industrial ou equipamento que o(a) absorva enquanto colaborador(a). A carência de marcas de design tem afetado profundamente o número de gabinetes de design em Portugal e subsequente privado jovens designers de produto a oportunidade de colaborar com autores(as) de design.
A possibilidade de colaborar com um(a) autor(a) de design não torna necessariamente o(a) jovem designer mais forte. Contudo, observa-se que após a colaboração alguns desafiam o mercado de trabalho através da criação de atividade, de marca ou de edições limitadas de produtos, bem como, criação de projetos de curadoria e de investigação.
Como mencionado no início do texto, o(a) autor(a) de design adapta-se às condições do ambiente em que vive. O aparecimento de várias marcas tem-se tornado cada vez mais comum na esfera do design português. Nos últimos anos, tem-se observado um aumento significativo de pequenas marcas, criadas tanto por autores(as) de design, como por jovens designers.
Não obstante alguns casos de sucesso, a realidade é que estas pequenas marcas possuem uma longevidade curta. A construção de uma marca vai além da conquista de seguidores nas redes sociais, esta reclama tempo e recursos para que se consiga consolidar um ou mais produto no mercado. Apesar disto, ao criar uma marca o(a) autor(a) de design ou o(a) jovem designer, sem se aperceber, está a influenciar positivamente as restantes marcas de design através da implementação na marca de características estéticas diferenciadoras.
Parece-me, portanto, temerário um designer criar marca como forma de almejar o design de produtos.
As marcas de design portuguesas devem proporcionar:
(1) ocasiões adequadas para conhecer o(a) autor(a) de design;
(2) oportunidades para o desenvolvimento de produtos com tempo e qualidade;
(3) momentos propícios para apresentar os produtos no mercado indicado e apropriado. Para isto, deve também ser considerado por parte do estado português bolsas para as marcas que queiram investir no(a) autor(a) de design.
A internacionalização do design português não depende necessariamente das marcas de design portuguesas. Contudo, acredito que será sempre mais fácil para uma marca de design internacional apostar num(a) designer português, se este já tiver o apoio das marcas locais. Enquanto criador de bens transacionáveis, o(a) autor(a) de design será sempre um importante peão na identidade e economia do país.
Escrito por Daniel Vieira.
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