Com uma história de mais de 800 anos em Portugal, o pinho é a madeira favorita da Ghome para o fabrico de mobiliário. Para a Ghome desenvolver mobiliário em pinho é a forma de valorizar um recurso nacional histórico, atribuindo-lhe um potencial contemporâneo para estratégias económicas e de sustentabilidade.
A madeira de pinho, proveniente do pinheiro-bravo, não é um exclusivo nacional, mas em Portugal o pinho é a única madeira produzida actualmente para a indústria. O pinheiro-bravo é uma espécie autóctone do sudoeste europeu e norte de África e durante o século XIII, primeiro com o rei D. Afonso III e depois com o rei D. Dinis, aconteceu uma das primeiras iniciativas de aumento desta espécie em Portugal – o pinhal de Leiria. O objectivo era conter as areias litorais que pela força dos ventos invadiam os campos de cultivo e se acumulavam na foz dos rios.
Durante os Descobrimentos aconteceu a primeira aplicação “industrial” da madeira de pinho na construção das embarcações. O pinhal de pinheiro-bravo que era importante na contenção dos solos, ganhava também relevância económica como fonte de matéria prima para a indústria. Os incentivos à plantação mantiveram-se ao longo do tempo e nos anos 1970 e 1980 40% do território nacional era ocupado por pinhal de pinheiro-bravo. Portugal tinha a maior mancha de pinhal contínuo da Europa! Actualmente a tendência inverteu-se, e a plantação de pinheiro bravo perdeu terreno para edifícios e para a plantação de eucalipto e sobreiro.
Mecânica e fisicamente, a madeira de pinho Português não se distingue muito da madeira de pinho de outros países. No entanto, em termos estéticos o pinho nacional tem um veio muito bonito que se distingue de todos os outros por causa do nosso clima. Por causa disto, e por causa de séculos de conhecimento acumulado sobre o pinheiro-bravo, Portugal poderia ser a referência da madeira de pinho. Em vez disso, o pinho tem um estigma negativo de madeira menor. Eu sou suspeito, mas estou convencido que desenhar bem para pinho pode ser o factor decisivo para acabar com este estigma. Afinal de contas foi em navios de pinho que se descobriu o caminho marítimo para a Índia!
A obsessão da Ghome pelo pinho Português resulta da convicção grande de que o pinho nacional é o mais bonito que há, e que em Portugal estão reunidas as condições para fazer do mobiliário desenhado para madeira de pinho um recurso económico interessante num enquadramento global de sustentabilidade ambiental.
Escrito por: Gonçalo Prudêncio