Escrito por: Tomás Fernandes
O futuro de quase tudo parece rodear esta palavra, dos slogans às identidades, das marcas às industrias e além as metodologias. É nos inscrito como um caminho educacional e progressista, desde o mundo académico até ao mundo laboral e comercial.
Mas será que vemos todos uma semelhante resolução, uma verdadeira realidade aprazível? A sustentabilidade tem a cargo tantos factores, que o seu impacto superficial é facilmente manipulável?
Como criativos e produtores temos de enfrentar milhares de decisões, que de alguma forma caracterizam o nosso grau de sustentabilidade. É um sistema em constante prática, a matéria-prima por exemplo, de onde provém, quem é que a extraiu e como. Quantos quilómetros viajou até chegar a sua fábrica de processamento. Qual é a transformação a que está sujeita, que ciclo de vida é que se pode esperar. Evidenciar esta realidade ao consumidor/utilizador faz parte do caminho crítico. Traduz-se em transparência, que de alguma forma, está na raiz e fundamento do impacto que provoca.
Anterior a esta esquemática de processo, está a identidade visual/gráfica, que influência em grande parte, a capacidade de um projecto ou marca sobressair. É como se tivéssemos um cartão de empresa em constante movimento, de mão-em-mão e de boca-a-boca, é o Instagram, é o Facebook, é aquilo que diariamente consumimos e intervimos. Que nos dá força e inspiração, mas também nos abre portas a colaborações/comissões. O espaço onde realmente temos, com poucas ferramentas, a capacidade de nos mostrar, transparentes ou não, mas de alguma forma, cada um julga, aprecia, desgosta e tira conclusões. Além de poder questionar, em directo, as origens e ideias por trás destes visuais. A realidade é que podemos criar fachadas conforme quisermos. Evidenciar provas do processo é talvez a forma mais sincera e transparente de metermos uma cara aquilo que vendemos e dizemos fazer.
“Como criativos e produtores temos de enfrentar milhares de decisões, que de alguma forma caracterizam o nosso grau de sustentabilidade. É um sistema em constante prática, a matéria-prima por exemplo, de onde provém, quem é que a extraiu e como. Quantos quilómetros viajou até chegar a sua fábrica de processamento. Qual é a transformação a que está sujeita, que ciclo de vida é que se pode esperar. “
Prática, processo e identidade não são sujeitos a escala. Mas será que o impacto sim?
De vaidade ou moda, embeber está palavra, já foi, ou contínua a ser, uma metodologia chave.
É intrínseco clarificar quem segue e admira, que o que está ser feito é sustentável, de forma a não perder o comboio atual de pseudo-ecologia. Mas até que escala existe esta preocupação? Com a dimensão aumentam os factores de entrada, onde facilmente se introduz uma pequena parte que justifica um todo. É aqui que se menciona novamente a fachada, etiquetada conforme as necessidades, mas com fundamento milésimo e motivos conformistas, para não se mostrar totalmente transparente. Entende-se que com a expansão e evolução, existem passos largos que olham mais ao benefício e menos a ética. Mas esta etiqueta demonstra sempre o mesmo valor, atraí quem está a par e se identifica com tal filosofia, mas pouco ou nada precisa de origem para mostrar a sua credibilidade.
“O futuro de quase tudo parece rodear esta palavra, dos slogans às identidades, das marcas às industrias e além as metodologias. É nos inscrito como um caminho educacional e progressista, desde o mundo académico até ao mundo laboral e comercial.”
Sem especificidade não existe leitura. É preciso querer, investigar e responsabilizar a prática para atingir um tal ciclo saudável, que na partilha e longevidade expressa-se naturalmente. As etiquetas surgem nos momentos intermédios, mas o core value é o eixo central. Já não é só a cor da fachada mas a composição da estrutura. Se conseguirmos que a raiz e conteúdo tenham valores sustentáveis, o impacto surge de forma orgânica e intemporal.
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