As perguntas que escolhemos.

Escrito por: Gonçalo Campos

 

Sempre vi o Design como alguma coisa entre engenharia e arte.

Há um pouco de técnica, rigor e até ciência, mas igualmente tanto de criatividade, experimentação e expressão.

Os produtos que desenvolvemos têm que ser especiais, e comerciais. Têm que ser distintos, mas também pragmáticos.

Temos que ser ao mesmo tempo inovadores (mandar o barro à parede) e conservadores (fazer tudo para que pegue).

Claro que não conseguimos ser totalmente um nem outro.
Claro que ninguém sabe bem no que vai dar.

Ideias há muitas, mas só conseguimos viver delas quando resultam.
Só sabemos se resultam quando as testarmos.

Testar uma ideia é arriscado. Pode não funcionar e ser um desperdício de tempo e dinheiro. Pode também funcionar e sustentar um negócio e pagar vários salários.

É aqui que o nosso trabalho se torna delicado e interessante.
Quando o que está na nossa cabeça sai.
Quando a ideia se tornar real.

Mas precisamos de ajuda para que uma ideia se torne produto.

Qual é a marca certa para realizar a nossa ideia?

Como convencer o cliente de que a nossa ideia vale a pena?

Será que esta ideia é boa?

Estas são questões importantes e difíceis de responder.

São questões que ditam o trabalho que fazemos, as pessoas com quem trabalhamos e cada um responde da sua maneira.

Há quem demore muito tempo a responder a estas questões.

Há quem nunca se satisfaça com as repostas que encontra.

Há designers, no entanto, que decidem tomar outro caminho.

Decidem realizar as suas ideias, torna-las reais e pô-las no mercado directamente. Sem intermediarios. Sem quem lhes diga que não é possivel ou que não vale a pena.

Sem rejeição.

Quando trabalhamos independentemente decidimos sozinhos o que fazer. Ninguém filtra o nosso trabalho e ainda por cima não temos que partilhar o retorno com ninguém.

Só que se queremos levar a sério este caminho temos outras perguntas dificeis para responder.

Qual é o meio certo para vender a nossa ideia?
Como convencer o cliente de que a nossa ideia vale a pena?
Será que esta ideia é boa?

Quem tem atenção repara, que estas perguntas são as mesmas que as primeiras.

Não há maneira de escapar à parte delicada (e também mais interessante) do trabalho do designer.

De uma maneira ou outra, para as nossas boas ideias se tornarem bons produtos têm sempre que se expor. Têm sempre que encarar o mercado.

 

Gonçalo Campos

 

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